Hoje foi o típico dia em que o corriqueiro valida técnicas de gestão nas quais eu acredito. Chovia. Chovia muito. Eu estava no meu carro antes de descer para uma consulta no dentista; estava com dor e não tinha guarda-chuva. Então, quatro casas antes do edifício de destino, parei em uma rede de farmácias. Abri a janela só um pouquinho para não me molhar e perguntar se ali vendia-se guarda-chuva. Logo veio um colaborador que cuidava do estacionamento da farmácia perguntar se eu precisava de alguma coisa e também me dizer que não. Ali não vendia-se guarda-chuva, infelizmente.
Antes mesmo que eu fechasse o vidro do meu carro, ele se prontificou: Você quer o meu guarda-chuva emprestado, senhora? Aquilo me causou tamanha estranheza, que cheguei a ficar perplexa. Eu não conhecia o Sr. Sebastião até perguntar o nome dele ali, naquele momento. O Sr. Sebastião não sabia quem eu era, nem onde eu ia e muito menos se eu voltaria para devolver seu único guarda-chuva.
Ao aceitar o guarda-chuva emprestado, ele prontamente ficou na chuva se molhando e logo passou o objeto pela janela do carro. Não preciso dizer que, como boa apaixonada por marcas, a primeira coisa que observei foi o logo da farmácia no objeto. Sim, além de todas as chances de eu não voltar, caso eu não voltasse, provavelmente ele ainda tomaria uma advertência de seu chefe ou até mesmo descontariam o valor do guarda-chuva de seu holerite. Mesmo assim, Sr. Sebastião não titubeou. Me emprestou algo mais que seu – algo de seu time.
E ali me senti impactada, me senti bem cuidada pelo seu gesto de empatia e pelo risco que o Sr. Sebastião tomara por uma pessoa desconhecida, que nunca saberia se voltaria ali. Fui ao dentista, voltei, parei na farmácia. O Sr. Sebastião trabalhava na chuva e no escuro, pois já era noite. Não preciso falar que agradeci, desci do carro com o guarda-chuva dele e aproveitei para adiantar minha compra do mês no estabelecimento. Fiz questão de reconhecer o mérito ao Sr. Sebastião, por escrito, em uma caixinha de sugestões/elogios.
Preste atenção em quem representa sua marca. Treine. Passe os valores de sua marca a todos os seus colaboradores. Sua empresa deve impactar alguém positivamente em todos os pontos de contato, mesmo que se arrisque. A pessoa impactada pode ser um futuro cliente, mesmo que seu produto ou serviço não seja necessário para ele naquele momento. O poder do marketing de influência é enorme, e os influenciadores da sua marca podem estar mais perto do que você imagina.
Por Camilla Covello, sócia-diretora da GPeS | Health Branding and Business
Sobre o autor: Camilla Covello é publicitária, com MBA em Gestão de Saúde, especialista em comunicação e marketing de saúde. É sócia-diretora da GPeS Health Branding and Business, centro de especialidades em comunicação e marketing para healthcare. Na empresa, foi responsável pelo desenvolvimento do setor de branding e marketing digital. https://www.linkedin.com/in/camillacovello/